sexta-feira, 1 de abril de 2011

Eu preciso, eu preciso.

Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em assistir, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim para, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama. E eu vou... Com o coração na mochila, o lápis borrado, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou... Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso. Preciso e não quero.

Um comentário:

  1. Oi, Jhey, boa noite-madrugada!!
    Esse texto maravilhoso, enxuto e muito bem acabado sabe muito bem mostrar que há muito de cada um de nós nele, há muito dele em cada um de nós, os que nasceram com intensidade de alma. Ah, minha querida, intensidade é o nome desse bichinho. São almas ligadas em intensidade 220, num corpo resumido a 110. A alma não cabe! Não para! Não cessa! Não há placas de PARE, nem sinal vermelho ou sequer amarelo de aviso. A alma não aceita avisos. É preciso parar, mas a alma não quer. Como gostaríamos, às vezes de estar entre aquelas pessoas que são capazes de esperar o ônibus sentadas eternamente, ou de sonhar só o possível, crer só no crível, ousar só até o recomendável.
    Mas, quer saber, Jhey?! É preciso ser menos, sim, porque o mundo é raso! É preciso ser menos porque o mundo é menos... E ousarei não discordar de você, mas dizer que até pudesse ser que, de alguma forma convencidos, quiséssemos...
    Mas não conseguimos. Não podemos.
    Maravilhoso texto.
    Um beijo carinhoso
    Lello Bandeira

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