sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sobre amor e libélulas.

Um dia desses estava escorada na janela da minha casa, quando uma libélula pousou a poucos centímetros do meu braço. Na hora, eu não sabia ao certo se aquilo era uma libélula, ou uma cigarra, ou um inseto gigante qualquer. Nunca soube, e os poucos segundos que perdi tentando classificar o bicho foram suficientes pra que sumisse. Bateu asas e sumiu entre as árvores.
Eu tenho uma ligação especial com libélulas. Foi correndo atrás de um que me esborrachei no chão, fraturando uma costela, perfurando o braço e sofrendo uma hemorragia interna que por pouco não me matou.
Tinha cinco anos, e desde então, convivo com uma cicatriz que me atravessa o abdome, lado a lado. Tudo o que eu queria era vê-la de perto, justamente para classificar se o bicho era em questão, cigarra, libélula, ou "seja-lá-o-que fosse".
Se a necessidade de classificar uma libélula me rendeu 3 meses de internação, imagino  o que me aconteceria se eu ficasse tentando classificar meus sentimentos. Inclusive, me cansa ver por todo lado gente tentando diferenciar um sentimento do outro. Se é amor, amizade, namoro, rolo, beijo, ficada, passa-tempo... Não tenho a mínima idéia e nem quero ter! São as inúmeras as espécies de relacionamento e a tentativa de classificar a todo minuto algo que, as vezes, é simplesmente inclassificável, pode resultar em muito mais do que um braço perfurado.
As vezes, perdemos a noção de que cada minuto da nossa vida pode ser o derradeiro, de que cada ligação telefônica pode ser a ultima, bem como aquela pessoa, de quem você ainda não sabe se gosta. pode ser o seu ultimo romance.
E é como diz a música do Lulu Santos:
"Hoje o tempo voa, amor
E escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos no permitir!"
O amor é uma libélula que pousa na nossa janela pouquíssimas vezes, Corra atrás da sua libélula, sem medo de se machucar. Viva o seu romance. Viva o seu último romance.

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